Quais os cientistas mais influentes na rede? Essa foi uma das perguntas que nortearam a pesquisa promovida pela Science Pulse, ferramenta de social listening voltada para o acompanhamento do debate sobre ciência nas mídias sociais, em parceria com o Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados (IBPAD). O novo relatório “Principais vozes da ciência no Twitter em 2021: mapeando a conversa de cientistas e especialistas sobre a covid-19” nasce com o intuito de mapear os principais perfis e páginas capazes de furar a bolha acadêmica e levar o debate científico para públicos mais amplos. A partir da metodologia de análise de redes, buscou-se entender a dinâmica de propagação das informações e o fluxo das interações na rede. A coleta de dados contou com a ajuda da Science Pulse, enquanto que o tratamento dos dados ficou sob responsabilidade do IBPAD.
Nesta pesquisa, foram analisadas mais de 450 mil publicações de 1088 perfis de cientistas, especialistas e organizações científicas que trataram sobre temas relacionados à covid-19 entre novembro de 2020 a novembro de 2021. Para identificar as principais vozes e os influenciadores, utilizou-se das técnicas de análise de redes para mídias sociais. O estudo envolveu as seguintes etapas: mapeamento de perfis, coleta de dados, tratamento e a análise das redes propriamente. Para medir a influência, apoiou-se nas métricas da teoria matemática dos grafos, detalhada no final do documento.  
Os rankings do estudo foram elaborados tomando como base três pilares: popularidade, aspecto ligado ao alcance de determinado perfil na rede, medindo especificamente a quantidade de seguidores; autoridade, que verifica os perfis centrais na difusão de informações na rede, sendo geralmente aqueles com maior prestígio; e articulação, dimensão que observa os perfis que fazem ponte entre diferentes grupos sociais, ou seja, que têm maior capacidade de difundir mensagens para sua comunidade e para públicos externos. 

Resultados: as vozes da ciência no Twitter

Ao todo, foram identificados 15 grandes influenciadores científicos brasileiros. Eles foram divididos em perfis pessoais e institucionais, como mostra a tabela a seguir:

15 perfis influencers top10
15 perfis influencers top5

Nas conversas sobre a covid-19, a pesquisa identificou dois grupos de influenciadores: o primeiro refere-se ao dos pesquisadores e instituições brasileiras; o segundo lista a comunidade global de cientistas. No primeiro caso, temos os seguintes resultados: Atila Iamarino, Silvio Almeida e Agência Fiocruz são os três perfis mais populares na rede. No quesito autoridade, temos Mellanie Fontes-Dutra, Luiza Caires e novamente Atila Iamarino. Enquanto isso, o top 3 do ranking da articulação é ocupado por Mellanie Fontes-Dutra, Átila Iamarino e Jose Galucci-Neto. 

popularidade grupo 1
autoridade grupo 1
articulacao grupo 1

No cenário internacional, destacam-se, além de profissionais da área de saúde e também da comunidade científica, também revistas mundialmente conhecidas, como The Lancet, Science Magazine e Nature.

Apontamentos da pesquisa

A pesquisa encontrou alguns achados relevantes para pensar a presença de influenciadores e profissionais da ciência nas redes sociais. Segundo o relatório, a conversa sobre a covid-19 no país tende a ser muito mais colaborativa, ou seja, possui muito mais interações entre usuários e influenciadores. Isso pode ser verificado nas menções, comentários e retweets realizados na rede. Além disso, novos nomes apareceram em relação ao ano anterior. Há um movimento nítido em que personalidades como Pedro Hallal, professor, epidemiologista e ex-reitor da Universidade Federal de Pelotas, ganham força na rede por terem participado de programas como Roda Viva (TV Cultura). 
Outro ponto relevante encontrado nos resultados da pesquisa diz respeito à popularização científica para além da bolha acadêmica ou mesmo para comunidades e públicos que já têm acesso à informação. Átila Iamarino e Natalia Pasternak são exemplos de influenciadores que conseguiram conquistar espaços tradicionais da mídia, como a televisão e o rádio.
Por conta do início da vacinação contra a covid-19, vacinação foi um tema central na maioria das publicações dos perfis analisados. Assim, instituições nacionais produtoras de imunizantes, como Instituto Butantã e Fundação Oswaldo Cruz (Friocruz) tiveram destaque. As vacinas mais citadas nessa discussão foram as três mais utilizadas no país: Coronavac, Pfizer e Astrazeneca. Os influenciadores também foram agentes no combate à desinformação, apresentando interlocução com os seguidores sobre a evolução da pandemia e a explicação de conceitos complexos sobre saúde para toda a população.
Para acessar mais informações sobre a pesquisa, baixe o relatório completo do estudo.